19 de dezembro de 2004

ANÚNCIO A MARIA - Lc.1:26-38

26. No sexto mês, foi enviado da parte de Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia,
chamada Nazaré,

27. a uma virgem prometida a um homem que se chamava José, da casa do David, e o
nome da virgem era Maria.

A comunicação do anjo a Maria ocorre seis meses após a concepção de Isabel. O mensageiro é o mesmo que falou a Zacarias, isto é, Gabriel. No entanto, o fato não mais ocorre em Jerusalém, sim numa cidadezinha desconhecida da Galiléia, Nazaré, onde morava uma mocinha que estava noiva.

A cidade de Nazaré só nos é conhecida através das citações dos Evangelhos. Nem no Velho Testamento, nem em nenhum autor profano aparece esse nome. Também não o temos escrito em hebraico, mas apenas sua transcrição para o grego, e com seis variantes: Nazaré, Nazaret, Nazareth, Nazará, Nazarat e Nazarath.

Lucas frisa com insistência que Maria não estava ainda casada: era noiva, ou seja, "prometida" (em grego ŬµíçóôåõµŬíç - NOTA: Por falta de "fonte" no idioma grego, o Word não transcreveu a palavra como consta no original que poderá ser consultado na Seção "Arquivos" deste Grupo, em PDF. -Nota do Moderador do Grupo, Ruach Kadosch -, particípio aoristo 2º do verbo µíåóôåŭù -Vide Nota anterior -, que tem o sentido de "prometer em casamento ou "contratar matrimônio"). O matrimônio só se completava quando a noiva ia morar na casa do noivo, que então se tornava marido. Tanto que Lucas só dá a José o título de "pai", quando fala da apresentação de Jesus ao Templo (Luc. 2:33,41,43 e 48).

Entre os judeus, porém, desde que se contratava o casamento, a noiva era considerada ligada ao noivo de tal forma, que um erro dela era catalogado como adultério (Deut. 22:23).

Todo o nosso sistema terráqueo está constituído na base setenária. Não se trata de misticismo nem de cabalismo, é uma verificação fácil de fazer-se. Conhecendo os antigos esse fato, todos os acontecimentos e o simbolismo eram baseados no número sete.

Como o sete era a etapa final, o penúltimo passo representava-se pelo número seis. Daí lermos "no sexto mês". Isto significa que o símbolo que vai ser dado aos leitores, exprime a penúltima etapa dessa fase do desenvolvimento.

Nessa penúltima etapa, o discípulo acha-se preparado e o mestre aparece, o "homem de Deus", Gabriel, a fim de anunciar-lhe a última etapa.

O aparecimento do "anjo" ou "anunciador" dá-se na Galiléia, a "região cercada" do íntimo da criatura. A cidade tinha o nome de Nazaré. Que o nome constitui um símbolo, compreendemo-lo por não constar ter havido, na época, nenhuma cidade real com esse nome. A palavra "Nazaré" parece derivar-se do radical hebraico Nâzir, que significa "separado, consagrado", ligando-se ao nazireado instituído por Moisés (Núm. cap. 6º).

Vemos, pois, que o "mestre aparece no lugar separado da região cercada", ou seja, no CORAÇÃO, falando através da voz silenciosa.

Anota o evangelista que a aparição se deu "a uma virgem", e que ela estava "prometida a um homem". A intuição está sempre ligada ao intelecto. E, mormente quando no caminho espiritual, quase sempre se filia a uma pessoa humana, que a guia, intelectualmente, pela estrada da evolução.

O sentido da palavra José "(Deus) acrescenta", ou seja, "Deus dá por acréscimo de misericórdia", coincide com o título "filho de David", já que David significa "o Amado".

Daí compreendermos que o intelecto, quando se dedica às coisas divinas, aos estudos das realidades espirituais, se torna "amado", e a ele "Deus acrescenta" sabedoria. Isto, não por privilégios, mas por simples efeito de sintonia vibratória: se um rádio é sintonizado com uma estação transmissora, recebe-lhe as ondas não por "predileção" da estação, mas porque as condições de sintonia favoreceram a receptividade. Deus dá igualmente (infinitamente) a todos, mas cada um recebe segundo sua capacidade. No oceano divino vogam o pequeno caíque e o grande transatlântico, mas cada um mergulhando de acordo com o calado de sua quilha.

A conversa de Gabriel com Maria difere da havida com Zacarias. Com este, temos a representação do "mestre" que fala ao intelecto, suscitando dúvidas (segundo a característica própria do intelecto).

Com Maria, temos a representação do "mestre" que se dirige à intuição, e é aceito, porque a intuição "sente" a verdade da manifestação.

28. Aproximando-se dela, disse-lhe: “Alegra-te, altamente favorecida, o Senhor é contigo”.

29. Ela, porém, ao ouvir essas palavras, perturbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação
seria essa.

FIGURA "Anúncio a Maria" (Nota- O Word não transcreveu o desenho. Os interessados em ver a belíssima ilustração poderão acessar o original, em PDF, na Seção "Arquivos" deste Grupo. Nota de Ruach Kadosch, Moderador do Grupo).

A saudação do anjo a Maria é concisa. A fórmula grega ×áßñå (vide original em PDF, Nota do Moderador) significa "alegra-te". Observe-se que, na saudação, os gregos auguravam alegria, enquanto os orientais desejavam paz (shalôm) e os latinos faziam votos de saúde (salve, ave, vale).

O perfeito grego êå÷áñéôùµŬíç (vide Nota anterior) indica a posse permanente (não transitória) de graça, de perfeição, de beleza, tanto física quanto moral. Usado na saudação de Gabriel, em tom de vocativo, esse perfeito assume quase o papel de um adjetivo substantivo: "ó perfeitíssima", "ó altamente favorecida", que a vulgata interpretou "cheia de graça".

A seguir uma afirmativa: "o Senhor está contigo". Não se trata, como em Rute (2:4) do desejo de que "o Senhor esteja contigo", mas de uma afirmação categórica a respeito de um fato conhecido por Gabriel.

Maria perturba-se não tanto pela presença de um homem jovem a seu lado (e Gabriel devia apresentar extraordinária beleza física), mas pelas palavras de saudação proferidas por ele, por aquele elogio inesperado da parte de um estranho.

A mente transmite sempre com imensa alegria, quando anuncia a presença divina dentro da criatura: "o Senhor está (é) contigo", vive dentro de ti, habita em ti, é a vida que pulsa em ti. Quando o homem ouve essas palavras silenciosas dentro do coração, invariavelmente se perturba: que palavras estranhas são essas, dirigidas a criaturas tão cheias ainda de defeitos?

A voz íntima, no entanto, diz a todos: "alegra-te, filho de Deus, és altamente favorecido pela divindade, pois Deus habita em ti"!


30. Disse-lhe o anjo: “Não temas, Maria, pois conquistaste benevolência da parte de
Deus,

31. e conceberás em teu ventre e darás à luz um filho a quem chamarás JESUS.

32. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono
de seu pai David,

33. e ele reinará no futuro sobre a casa de Jacob, e seu reino não terá fim.


Gabriel exorta Maria a não temer porque ela "conquistou a benevolência de Deus".

O anjo não se apresenta a Maria dando nome e posição como o fez com Zacarias. Ao evangelista basta revelar que o mensageiro foi o mesmo nos dois casos.

Conquistar benevolência é expressão já muito usada no Velho Testamento, com as palavras "achar graça" (cfr. Gn. 6:8; Êx. 33:12; Juízes, 6: 17).

O anúncio da próxima maternidade de Maria é feito com expressões semelhantes às que foram ditas por outros espíritos, para anunciar o nascimento de Ismael (Gn. 16:11) e de Sansão (Juízes, 13: 3-5).

O nome que o anjo impõe é JESUS (em hebraico IEHOSHUA', que se Abrevia, mas que também pode transliterar-se, com o sentido de "Iahô salva". Na previsão de Isaias, era-lhe dado o nome de HIMMANU-EL, isto é, "Deus conosco".

"Jesus", diz o anjo "será grande, será chamado de Filho do Altíssimo", título que era dado aos reis na antiguidade (cfr. 2º Reis, 7:14 e 1 Crôn. 22: lC).

O menino receberá o "reino de David", que ele ocupará "no futuro", e seu reino "não terá fim". A palavra grega utilizada tem o mesmo sentido que seu derivado latino "aevum" (em português "evo", ou seja século, uma "vida") e era empregado no sentido lato de futuro, e não no de "eterno". Eterno é o que não tem princípio nem fim. Além disso, a segunda parte do versículo esclarece bem a idéia, quando diz "e seu reino não terá fim". Se a palavra "aiónas" tivesse o sentido de "eterno", não havia razão para a segunda parte do versículo, nem mesmo invocando-se a técnica da repetição, na poesia hebraica.

Com Zacarias, o anjo se apresenta, porque o intelecto quer saber de tudo, pede "credenciais"; ao passo que a intuição não repara no intermediário: sente a verdade em suas palavras, não lhe interessando quem a diz, mas sim o que diz.


A resposta do "mestre" à indagação aflita da criatura que, humildemente, se julga indigna de receber tão grande graça - embora não duvide da própria graça - vem trazer maior certeza da realidade: "conquistaste benevolência da parte de Deus". Não é, propriamente, o "merecimento", no sentido de haver a criatura dado algo mais do que devia, com isto merecendo uma recompensa, ou "comprando" a benevolência. Não. Trata-se da sintonia natural da criatura, que lhe possibilita receber as emissões (a benevolência) divinas, dadas a todos indistintamente: bons e maus, sábios e ignorantes, santos e criminosos. E essa sintonia é obtida pelo que a criatura É (não pelo que sabe, nem pelo que faz).

Tendo conseguido essa sintonia, a criatura pode "conceber em seu ventre" (recebe em seu coração) um "filho", que é sua "salvação": JESUS, isto é, Iahô salva. Esse "nascimento" é uma expressão que usamos por falta de outro vocábulo mais exato. Assim como, ao nascer, a criança aparece, é vista, tocada e sentida (embora não tenha começado a existir nesse momento, pois inclusive seu corpo já existia no ventre materno), assim também o "nascimento" da Centelha Divina ou do EU Supremo consiste apenas na verificação de nossa parte de que ele existe. Realmente ele já existia dentro de nós, mas ainda oculto e não sentido. Ao revelar-se, ao tornar-se "sensível", nós dizemos que ele "nasceu": isto é, que se manifestou; quando nós o DESCOBRIMOS, dizemos que ELE NACEU...

Esse EU Supremo será grande e é o Filho do Altíssimo porque é a Centelha que emanou Dele (do Foco Incriado); e terá, por todo o resto de sua existência o "trono de seu Pai" o AMADO (David).

Vimos (pág. 2 - vide msgs anteriores) que Deus (o AMOR) se manifesta como o Verbo Criador (o AMANTE) e como o Criado, o Filho (o AMADO). Ora, o EU Supremo, que é a individualização de um Raio-Divino, isto é, o "Filho do Cristo" (o AMADO), pode ser, por isso, chamado "filho do Amado" ou "filho de David".

Seu reino não terá fim sobre a casa de Jacob. Jacob significa "o que suplanta" (ou "o que segura pelo calcanhar"). Exprime, então, a personalidade, que durante milênios "suplanta" a individualidade abafando-a totalmente. Quando JESUS surge, ele assume o trono de David, e reina sobre a "casa de Jacob" sem fim, isto é, nunca mais a individualidade sofrerá o domínio da personalidade.


34. Então Maria perguntou ao anjo: “como será isso, uma vez que não conheço homem”?

35. Respondeu-lhe o anjo: “um espírito santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te envolverá com sua sombra; e por isso o nascituro será chamado santo, Filho de Deus.

36. Isabel, tua parenta, também ela concebeu um filho na sua velhice, e já está no sexto
mês aquela que era chamada estéril,

37. porque, vindo de Deus nada será impossível”.

38. Disse Maria: “Eis aqui a escrava do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra”.
E o anjo retirou-se.


A pergunta de Maria difere da de Zacarias. O sacerdote pergunta: "como saberei que isto é verdade"?, o que exprime dúvida a respeito das afirmativas de Gabriel. Maria indaga: "Como se dará isso, se não conheço homem"? O que constitui um pedido de explicação: ela crê verdadeiras as palavras, mas deseja saber o modo de agir para resolver o caso.

"Conhecer homem ou mulher" é eufemismo usado entre os judeus para designar as relações sexuais, empregando-se o vocábulo ãôé (NOTA: Por falta de "fonte" no idioma grego, o Word não transcreveu a palavra como consta no original que poderá ser consultado na Seção "Arquivos" deste Grupo, em PDF. -Nota do Moderador do Grupo, Ruach Kadosch). Maria, jovem noiva, não tinha ainda (por isso usa o presente do indicativo: "não tenho") comércio sexual. E Gabriel parece esclarecer que a concepção se deverá dar de imediato, sem esperar que o casamento se realize.

O anjo explica que ela conceberá um espírito santo (já santificado). Em grego, aqui também não aparece o artigo, denotando a indeterminação: UM, espírito santo. Esse espírito santificado descerá sobre ela (Ŭðåëåŭóåôáé do verbo ŬðŬñ.ïµáé - Vide Nota anterior) e acrescenta que "a força ou poder do Altíssimo a envolverá com sua sombra". Parece uma alusão clara à shekinah da mística judaica. Nesses casos, qualquer contato sexual, mesmo fora do casamento, será abençoado. Deus não está sujeito às leis "humanas", nem das sociedades nem dos Estados. O casamento é um ato instituído pelos homens, a fim de evitar abusos e manter organizada a humanidade. Mas Deus simplesmente criou as plantas, animais e homens dotados de sexo para que se unissem, produzindo filhos, a fim de que Sua obra não perecesse: Qualquer restrição é humana e não divina. No caso em apreço, isso está claro. Tanto assim que, mesmo fora do casamento Maria receberá, em seu ventre, um espírito santo, que será chamado Filho de Deus.

E logo a seguir acrescenta, a título de comprovação, que Isabel, parenta de Maria (não se sabe qual o grau de parentesco) também terá um filho, apesar da idade e de ter sido estéril, já estando no sexto mês de gravidez.

E aduz: "vindo de Deus, nada é impossível". A expressão do texto original: "nenhuma palavra" (ðÜíñŜµá - Vide Nota anterior) é o equivalente do hebraico dàbâr (ãëã - Vide Nota anterior, substituindo grego por hebraico), que tem muitas vezes (cfr. Gên. 18:14) o sentido de "coisa". Ora, "nenhuma coisa" é o mesmo que "nada".

A resposta de Maria é uma aceitação plena, uma conformação total: "eis a escrava (äïõëç - Vide Nota anterior) do Senhor".

E mais: "faça-se em mim conforme dizes". A expressão "faça-se" (ãŬíïéôï - Vide Nota) é muito mais forte que o ãåõçèŜôï (Vide Nota) usado no "Pai Nosso" (Mat. 6:10). Neste, exprime-se o desejo de que "se faça", mas deixando livre quanto à época em que se realize. No caso presente, o "faça-se" de Maria expressa o desejo e quase a ordem de que se faça já.

Cumprida a missão, o anjo retirou-se.

A própria intuição, sobretudo levada pelo intelecto, supõe e deseja que alguém lhe dê a iniciação. Espera o milagre, certa de que o grande encontro se realizará por meio de uma palavra mágica ou de um gesto cabalístico, com um rito exótico. Essa é a estranheza manifestada por Maria (simbolizando a intuição) quando diz que "não conhece homem", que não está em contato com um iniciado ou adepto.

O "homem de Deus" (Gabriel) esclarece (por omissão) que não é disso que se trata: que não há homem que possa resolver esse caso. O Espírito Santo que está dentro dela ("o Senhor é contigo"), é que se manifestará, e ela será envolvida por sua sombra. Trata-se da "shekinah", tão conhecida pela mística judaica.

Todas as experiências do encontro com o EU Supremo (segundo o testemunho dos que o conseguiram, em qualquer das correntes religiosas), tem um ponto em comum: a criatura se sente envolvida por intensa luminosidade, que é comparada a um relâmpago, a um incêndio, enquanto ela mesma se expande ao infinito, mergulhando e desfazendo-se na luz. O mergulho na luz é a descida da "shekinah".

Por essa razão, o "homem novo" que daí nasce é chamado "Santo, Filho de Deus".

Para incentivá-la a dar o último passo, Gabriel cita-lhe o exemplo de Isabel, sua parenta (ou seja, de todos os seres, parentes nossos, que atingiram o grau de "adoradores de Deus" - Elisheba), que se encontra no mesmo ponto evolutivo, no penúltimo degrau, "no sexto mês", aguardando a iluminação, embora desta ninguém mais esperasse nada, pois não era julgada capaz de consegui-lo, após tantos anos de tentativas infrutíferas (esterilidade). E como coroamento, conclui: "nada é impossível a Deus".

Vencida e convencida, Maria submete-se com máxima humildade à vontade divina. A humildade real, na qual a criatura se entrega qual escrava para obedecer em tudo e sempre, sem reconhecer nenhum direito para si, é o caminho único que leva ao encontro com o EU profundo.

Mas essa humildade precisa querer que se realize o ato, precisa entregar-se total e plenamente, sem condições nem reservas. Isto porque, embora sendo, como é, a causa de tudo, Deus é a humildade máxima: jamais se mostra, jamais assina Suas obras, jamais pede retribuição de nenhum dos benefícios prestados, e Sua vida toda se resume em SERVIR a todos, dando tudo de graça, sem distinção alguma de pessoas.

Por isso, quando a criatura atinge o grau de perfeita humildade, encontra Deus em si, por sintonia vibratória, e passa a viver UM com DEUS.

Isso mesmo ocorreu com Maria: no momento em que se conformou plenamente com a vontade do Pai, aniquilando a sua vontade pequenina, anulando sua personalidade, nesse momento concebeu JESUS, encontrou DENTRO DE SI (em seu coração) o Filho de Deus, o CRISTO, que nasceu virginalmente, ou seja, sem obra nem intervenção de homem.

Esse o sublime simbolismo que aprendemos desse trecho de Lucas, deduzindo-o dos fatos reais, que ocorreram na Palestina há quase dois mil anos. Lições de inestimável valor para nosso aprendizado.

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*msg 006/ - Anúncio a Maria (Lc. 1:26-38) - Obra "Sabedoria do Evangelho", Vol. l págs. 37 a 42, de autoria do teólogo e ex-padre católico, Dr. Carlos Juliano Torres Pastorino.
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**Obs.: Vc encontra a Obra completa deste autor, em Word (sem ilustrações) e em PDF (com belíssimas ilustrações gráficas), na seção "ARQUIVOS" deste Grupo. Para entrar nesta Seção é necessário usar sua ID (identificação) e Senha do Yahoo! Se vc ainda não possui, faça a sua. É fácil! Vale a pena baixá-los para o seu computador! Vá até este endereço: http://br.groups.yahoo.com/group/Sabedoria-do-Evangelho/ , onde vc tb poderá acessar as "mensagens anteriores"desta série. Se você ainda não é associado ao Grupo, associe-se: Sabedoria-do-Evangelho-subscribe@yahoogrupos.com.br .E boa pesquisa! E bom estudo!

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matéria recebida do grupo acima por e-mail em 10/12/04

23 de novembro de 2004

Notícias de Maria, A Mãe de Jesus

Todas as religiões cristães reverenciam, com extremado carinho e profunda gratidão, a figura ímpar de Maria de Nazaré, a sublime mãe de Jesus.
No Espiritismo - doutrina que se assenta em bases científicas, filosóficas e religiosas, sendo que, nesta última, como Cristianismo redivivo, caracteriza o Consolador prometido por Jesus - também aprendemos a reconhecer em Maria uma Entidade evoluidíssima, que já havia conquistado, há 2000 anos, elevadas virtudes, tornando-a apta a desempenhar na crosta terrestre tão elevada missão, recebendo em seus braços o Emissário de Deus que se fez menino para se transformar "no modelo da perfeição moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra." (1)

Além do que se conhece nas antigas tradições religiosas, especialmente no Novo Testamento, encontramos na literatura espírita outros importantes dados biográficos de Maria, que vieram até nós por via mediúnica, naturalmente extraídos de arquivos fidedignos do Mundo Espiritual, revelando-nos que Ela continua até hoje zelando com muito carinho pela Humanidade terrestre, encarnada e desencarnada.

PREPARATIVOS E INÍCIO DA MISSÃO

Conta-nos Emmanuel que, precedendo a vinda de Jesus, entidades angélicas se movimentaram, tomando vastas e importantes providências no Plano Espiritual.
"Escolhem-se os instrutores, os precursores imediatos, os auxiliares divinos. Uma atividade única registra-se, então, nas esferas mais próximas do planta, (...)."
Com a chegada do Mestre "a manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes. (...) Debalde os escritores materialistas de todos os tempos, vulgarizaram o grande acontecimento, ironizando os altos fenômenos mediúnicos que o precederam. As figuras de Simeão, Ana, Isabel, João Batista, José, bem como a personalidade sublimada de Maria, têm sido muitas vezes objeto de observações injustas e maliciosas; mas a realidade é que somente com o concurso daqueles mensageiros da Boa Nova, portadores da contribuição de fervor, crença e vida, poderia Jesus lançar na Terra os fundamentos da verdade inabalável." (2)

PRIMEIROS TEMPOS, DRAMA DO CALVÁRIO E MUDANÇA PARA ÉFESO

O Espírito de Humberto de Campos narra, num de seus livros, a importante visita que Isabel e seu filho João batista fizeram ao lar de Jesus, em Nazaré, propiciando oportuno encontro entre as duas crianças que revolucionariam o Mundo...
O diálogo entre as duas primas é muito significativo, revelando-se perfeitamente preparadas para a sublime tarefa, como veremos neste pequeno trecho:
" - O que me espanta - dizia Isabel com caricioso sorriso - é o temperamento de João, dado às mais fundas meditações, apesar da sua pouca idade.
(...) - Essas crianças, a meu ver - respondeu-lhe Maria, intensificando o brilho de seus olhos - , trazem para a Humanidade a luz divina de um caminho novo. Meu filho também é assim, envolvendo-me o coração numa atmosfera de incessantes cuidados. Por vezes, vou encontrá-lo a sós, junto das águas, e, de outras, em conversação profunda com os viajantes que demandam a Samaria ou as aldeias mais distantes, nas adjacências do lado. Quase sempre, surpreendo-lhe a palavra caridosa que dirige às lavadeiras, aos transeuntes, aos mendigos sofredores... Fala de sua comunhão com Deus com uma eloquência que nunca encontrei nas observações dos nossos doutores e, constantemente, ando a cismar, em relação ao seu destino."
Nesse mesmo livro, Humberto de Campos dedica o derradeiro capítulo a Maria, descrevendo as suas impressões íntimas diante do Filho crucificado... a sua curta estadia em Batanéia.... a mudança, com João Evangelhista, para Éfeso, onde "estabeleceriam um pouco e refúgio aos desamparados, ensinariam as verdades do Evangelho a todos os espíritos de boa vontade e, como mãe e filho, iniciariam uma nova era de amor, na comunidade universal."

De fato, "a casa de João, ao cabo de algumas semanaas, se transformou num ponto de assembléias adoráveis (...) Maria externava as suas lembranças. Falava dele com maternal enternecimento, enquanto o apóstolo comentava as verdades evangélicas, apreciando os ensinos recebidos. E não foi tio singelo e generoso. (...) Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de 'Casa da Santíssima'. (...) Eram velhos trôpegos e desenganados do mundo, que lhe vinham ouvir as palavras confortadoras e afetuosas, enfermos que invocavam a sua proteção, mães infortunadas que pediam a benção de seu carinho." (3)

LUCAS RECEBE INFORMAÇÕES DE MARIA
PARA FUNDAMENTAR O SEU EVANGELHO

Segundo narrativa de Emmanuel, o Apóstolo Paulo, ao visitar Éfeso, atendendo insistentes chamados de João, para promover a fundação definitiva da igreja cristã naquela cidade, "com delicadeza extrema, visitou a Mãe de Jesus na sua casinha singela, que dava para o mar. Impressionou-se fortemente com a humildade daquela criatura simples e amorosa, que mais se assemelhava a um anjo vestido de mulher. Paulo de Tarso interessou-se pelas suas narrativas cariciosas, a respeito da noite do nascimento do Mestre, gravou no íntimo suas divinas impressões e prometeu voltar na primeira oportunidade, a fim de recolher os dados indispensáveis ao Evangelho que pretendia escrever para os cristãos do futuro. Maria colocou-se à sua disposição, com grande alegria."

Numa próxima viagem, a caminho da Palestina pela última vez, Paulo de Tarso também passou, rapidamente, por Éfeso e "a própria Maria, avançada em anos, acorrera de longe em companhia de João e outros discípulos, para levar uma palvra de amor ao paladino intimorato do Evangelho de seu Filho."

E mais tarde, quando o Apóstolo dos gentios esteve preso, por dois anos, em Cesaréia, aproveitou esse período para manter relações constantes com as suas igrejas. "A esse tempo, o ex-doutor de Jerusalém chamou a atenção de Lucas para o velho projeto de escrever uma biografia de Jesus, valendo-se das informações de Maria; lamentou não poder ir a Éfeso, incumbindo-o desse trabalho, que reputava de capital importância para os adeptos do cristianismo. O médico amigo satisfez-lhe integralmente o desejo, legando à posteridade o precioso relato da vida do Mestre, rico de luzes e esperanças divinas." (5)

A DESENCARNAÇÃO E SEU
PRIMEIRO TRABALHO NO MUNDO MAIOR

A dedsencarnação de Maria, assistida por Jesus, é descrita pormenorizadamente por humberto de Campos, no final do último capítulo do livro referido anteriormente. Segundo ele, ao libertar-se do vaso físico, Ela desejou, primeiramente, rever a Galiléia e logo em seguida visitou os cárceres sombrios de Roma, repletos de discípulos do Mestre que aguardavam a morte certa, quando lhes infundiu a força da alegria cristã, transmitindo a seguinte sugestão a uma jovem encarcerada:

" - Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!.... Convertemos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!..."

(...) Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa mãe Santíssima." (4)

OUTROS TRABALHOS NO MAIS ALÉM

Em belíssima e comovente poesia, intitulada "Retrato de Mãe", Maria Dolores descreve a assistência maternal e efetiva prestada pelo Espírito de Maria a Judas, que se encontrava em região umbralina, cego e solitário, muito tempo depois da crucificação do Mestre.

No final do diálogo com o discípulo suicida, em grande sofrimento preso a terrível remorso, a Benfeitora convence-o argumentando com profundo amor:

"Amo-te, filho meu, amo-te e quero
Ver-te, de novo, a vida
Maravilhosamente revestida
De paz e luz, de fé e elevação...
Virás comigo à Terra,
Perderás, pouco a pouco, o ânimo violento,
Terás o coração
Nas águas de bendito esquecimento,
Numa nova exist~encia de esperança,
Levar-te-ei comigo
A remansoso abrigo,
Dar-te-ei outra mãe! Pensa e descansa!...

E Judas, neste instante,
Como quem olvidasse a própria dor gigante
ou como quem se desagarra
De pesadelo at´roz,
Perguntou: - quem sois vós
Que me falais assim, sabendo-me traidor?
Sois divina divina, irradiando amor
Ou anjo celestial de quem pressinto a luz?!

No entanto, ela a fitá-lo, frente a frente,
Respondeu simplesmente:
- Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus." (6)

No livro mediúnico Memórias de um Suicida inteiramo-nos da notável e completa assistência aos suicidas, em profundo sofrimento no Além , pela Legião dos Servos de Maria, "chefiada pelo grande Espírito Maria de Nazaré, ser angélico e sublime que na Terra mereceu a missão honrosa de seguir, com solicitudes maternais, Aquele que foi o redentor dos homens!"

Um setor muito importante da assistência aos suicidas é a Cidade Universitária, que abriga as entidades com alta do departamento Hospitalar e, naturalmente, aptas para frequentá-la. O diretor dessa Cidade, Irmão Sóstenes ao receber um novo grupo de aprendizes, assim explicou-lhes a sua origem: "Maria, sob o beneplácito de seu Augusto Filho, ordenou sua criação para que vos fosse proporcionada ocasião de preparativos honrosos para a reabilitação indispensável. Encontrareis no seu amor de mãe sustentáculo sublime para vencerdes o negror dos erros que vos afastaram das pegadas do Grande Mestre a quem deveis antes amor e obediência! Espero que sabereis compreender com inteligência as vossas próprias necessidades..."

Em outro passo da obra, um Mentor esclareceu: "Geralmente, porém, os avisos e as ordens vê de Mais Alto... de lá, onde paira a assistência magnânima da piedosa Mãe da Humanidade, a Governadora de nossa Legião... Se as entidades em apreço não pertencem à sua tutela direta de Guardiã, poderá o Guardião da falange ou da legião a que pertencerem impetrar o seu favor em prol dos transviados, seu amoroso concurso para o alvo a ser colimado, porquanto existe fraterna solidariedade de entre as várias agremiações do universo Sideral, infinitamente mais perfeitas que as existentes entre as nações físico-terrenas... (...) No entanto, se a outro eminente Espírito for dirigida a súplica, será esta encaminhada a Maria e seguir-se-ão as mesmas providências, pois, como vimos afirmando, é Maria a sublime acolhedora dos réprobos que se arrojaram aos temerosos abismos da morte voluntária.... Tudo isso, porém, não quererá certaente dizer que nossa Excelsa Diretora precisará esperar súplicas e pedidos de quem quer que seja a fim de tomar suas caridosas providências! Ao contrário, estas foram perenemente tomadas, com a manutenção dos postos de observação e socorro especiais para suicidas;"

Ao apresentar o destacado educador Aníbal aos novos alunos, IrmãoSóstenes prestou-lhes importante informação, nestes termos: "(...) É que Aníbal vinha sendo, para isso, preprado desde eras afastadas! (...) ... Até que um dia, glorioso para o seu Espírito de servo fiel e amoroso, ordem direta desceu das altas esferas de luz, como graça concedida por tantos séculos de abnegação e amor: ' - Vai, Aníbal.... e dá dos teus labores à Legião de Minha Mãe! Socorre com Meus ensinamentos, que tanto prezas, os que mais destituídos de luzes e de forças encontrares, confiados aos teus cuidados... Pensa, de preferência, naqueles cujas mentes hão desfalecido sob as penalidades do su´cídio... Entreguei-os, de há muito, à direção de Minha Mãe, porque só a inspiração maternal será bastante caridosa para erguê-los para Deus!" (7)

Quando da visita de estudos sobre a lei de causa e efeito ao Templo da "Mansão Paz", importante instituto de reajuste localizado nas regiões inferiores, os Espíritos Andr´´e Luiz e Hilário colheram valiosas observações. Ao analisarem o caso de uma veneranda senhora que orava fervorosamente, invocando a proteção de Mãe Santíssima pelos filhos transviados, receberam do instrutor Silas a seguinte elucidação: " - Isso, contudo, não significa que a prece esteja sendo respondida por ela mesma. Petições semelhantes a esta elevam-se a planos superiores e aí são acolhidos pelos emissários da Virgem de Nazaret, a fim de serem examinadas e atendidas, conforme o critério da verdadeira sabedoria." (8)

RETRATO DE MARIA

Algum tempo após tomarmos conhecimento de um novo quadro de Maria, a Mãe de Jesus, divulgado num programa daTV Record, de São Paulo, com a presença de Francisco Cândido Xavier, procuramos esse médium amigo para colher dele maiores esclarecimentos sobre a origem do mesmo.

Contou-nos, então, Chico Xavier, no final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, na noite de 1º de dezembro de 1984, que com vistas às homenagens do Dia das Mães de 1984, o Espírito ao fotógrafo Vicente Avela, de São Paulo. Esse trabalho artístico foi sendo realizado aos poucos, desde meados de 1983, com retoques sucessivos realizados pela grande habilidade de Vicente, em mais de vinte contatos com médium mineiro, na Capital paulista.

Em nossa rápida entrevista, Chico frisou que a fisionomia de Maria, assim retratada, revela tal qual Ela é conhecida quando de Suas visitas às esferas espirituais mais próximas e pertubadas da crista terrestre; como, por exemplo, disse-nos ele, na Legião dos Servos de Maria, grande instituição de amparo aos suicidas detalhadamente no livro Memórias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvone A. Pereira.

E, ao final do diálogo fraterno, atendendo nosso pedido, Chico forneceu-nos o endereço do fotógrafo-artista, para que pudéssemos entrevistá-lo oportunamente, podendo assim registrar mais algum detalhe do belo trabalho realizado.

De fato, meses após essa entrevista, tivemos o prazer de conhecer o sr. Vicente Avela, em seu próprio ateliê, há 30 anos localizado na Rua Conselheiro Crispiniano, 343, 2º andar, na Capital paulista, onde nos recebeu atenciosamente.

Confirmando as informações do médium de Uberaba ele apenas destacou que, de fato, não houve pintura e sim um trabalho basicamente fotográfico, fruto de retoques num retrato falado inicial, tudo sob a orientação mediúnica de Chico Xavier.

Quando o sr. Vicente concluiu a tarefa, com a arte final em pequena foto branco-e-preto, ele a amplicou bastante e coloriu-a com tinta a óleo (trabalho em que é perito, com experiência adquirida na época em que não havia filmes coloridos e as fotos em preto-e-branco eram coloridas a mão.), dando origem à tela que foi divulgada.

Nesse encontro fraterno, também conhecemos o lindo quadro original à vista emparede de seu escritório, e ao despedirmo-nos, reconhecidos pela atenção, o parabenizamos por esse árduo e excelente trabalho, representando mais uma notícia da vida espiritual de Maria de Nazaré, que continua amparando com imenso amor maternal a Humanidade inteira.

Bibliografia: Anuário Espírita 1986 - Instituto de Difusão Espírita - IDE





19 de outubro de 2004

Ave Maria Tradicional

"Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto de vosso ventre,Jesus.
Santa Maria,
mãe de Deus,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora de nossa morte,
Amém!"

No link abaixo poderão encontrar um midi da Ave Maria e a tradução
da mesma em sete linguas.

http://bacaninha.cidadeinternet.com.br
home/secoes/religiao/2001/11/ave_maria_em_sete_idiomas
ave_maria_em_sete_idiomas.htm

Ave! Maria! - Fagundes Varela

Ave! Maria!

A noite desce, - lentas e tristes
Cobrem as sombras a serrania,
Calam-se as aves, - choram os ventos,
Dizem os gênios: - Ave-Maria!

Na torre estreita de pobre templo
Ressoa o sino da freguesia,
Abrem-se as flores, - Vésper desponta,
Cantam os anjos: - Ave! Maria!

poesia encontrada na página: http://www.melhoresdaspoesias.hpg.ig.com.br/ave.htm
No tosco alvergue de seus maiores,
Onde só reinam paz e alegria,
Entre os filhinhos o bom colono
Repete as vozes: - Ave! Maria!

E, longe, - na velha estrada,
Pára, - e saudades à pátria envia,
Romeiro exausto, que o céu contempla
E fala aos ermos: - Ave! Maria!

Incerto nauta por feios mares,
Onde se estende névoa sombria,
Se encosta ao mastro, descobre a fronte,
Reza baixinho: - Ave! Maria!

Nas soledades, sem pão nem água,
Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,
Triste mendigo, que as praças busca,
Curva-se e clama: - Ave! Maria!

Só nas alvovas, nas salas dúbias,
Nas longas mesas de longa orgia
Não diz o ímpio, - não diz o avaro,
Não diz o ingrato: - Ave! Maria!

Ave! Maria! - No céu, na terra!
Luz da aliança! - Doce harmonia!
Hora divina! - Sublime estância!
Bendita sejas! - Ave! Maria!


18 de outubro de 2004

Ave Mãe! - Cora Maria

Ave Mãe!
Ave Mulher Maria,
Eu espírito ambulante, peregrina da terra passageira, onde a vida se confina
Eu revestida de carne, sentimentos emoções, onde muita vezes me perco como vento mudando de rumo e direção.
Me tenha em todas as horas, sejam retas, sejam tortas.
Sou carne,
Sou vida,
Ora riso, ora pranto
Ave Maria!
Mãe dos encarnados e desencarnados
Espírito Iluminado da experiência terrena provado.
Mãe de todos, sabemos acolhidos, em Teu coração
Enviai forças as nossas fraquezas, sabedoria para a nossa ignorância.
Fé e Esperança!
Ave Mãe!
Tua benção
Ave Mãe!
Filhos de Teu Planeta.
Abençoai!
Rogai por nós!

(Cora Maria)



Ave Maria
Fernando Pessoa

Ave Maria, tão pura
Virgem nunca maculada
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.
Vos que sois cheia de graça
Escutai minha oração,
Conduzi-me pela mão
Por esta vida que passa.
O Senhor, que é vosso filho
Que seja sempre conosco,
Assim como é convosco
Eternamente seu brilho
Bendita sois vós, Maria,
Entre as mulheres da Terra
E voss'alma só encerra
Doce imagem d'alegria.
Mais radiante do que a luz
E bendito, oh Santa Mãe
É o fruto que provém
Do vosso ventre, Jesus!
Ditosa Santa Maria,
Vós que sois a Mãe de Deus
E que morais lá no céus
Oraes por nós cada dia.
Rogai por nós, pecadores,
Ao vosso filho, Jesus,
Que por nós morreu na cruz
E que sofreu tantas dores.
Rogai, agora, oh Mãe querida
E (quando quiser a sorte)
Na hora da nossa morte
Quando nos fugir a vida.
Ave Maria, tão pura
Virgem nunca maculada,
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.

6 de outubro de 2004

Dr. Bezerra e sua fé em Maria de Nazaré

Bezerra de Menezes

Eva Patrícia Baptista
(graduanda do curso médico).


Estudo sobre o grande médico e espírita, denominado o “Kardec brasileiro”, apresentado em palestra no NEU-UERJ/Faculdade de Ciências Médicas em outubro de 1999.

Escolhemos para falar hoje não só por ele ter sido médico e espírita, mas principalmente pela sua vida na Terra ter sido um modelo. Adolfo Bezerra de Menezes foi conhecido em seu tempo com o Médico dos Pobres. Isto porque ele fazia mais do que ouvir o paciente e prescrever um receituário com remédios homeopáticos (ele foi um médico homeopata). Ele sofria também com o sofrimento de seus pacientes. Era todo amor e bondade, alimentava sempre o desejo de ser útil e procurava a todo instante arrancar de seu interior os maus instintos naturais e substituí-los pelas virtudes cristãs.

Uma vez escreveu sobre a maneira de proceder do verdadeiro médico, dizendo: O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou pôr ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura (...).1,2

E realmente, Bezerra foi capaz de demonstrar na sua vida que realmente praticava seus ideais de amor cristão para com seus semelhantes. Conta-se que numa tarde, depois de haver vivido um dia cheio na sua tarefa crista, em que consolou e esclareceu, medicou e apaziguou infinidades de irmãos, chegou ao Lar sentindo-se cansado e preocupado, tanto mais que sua filha Evangelina, apelidada de Nhanhan, achava-se febril, abatida, desassossegada.

Descansa, depois de haver tomado seu banho e jantado, quando, à sua porta chega uma senhora aflita e lhe pede, entre soluços, em nome de Jesus, para ir ver sua filhinha que se achava febril, abatida, desassossegada. Bezerra se comove com as lágrimas maternais. Pensa na sua filha também doente, a quem dera assistência e de cuja enfermidade não encontrava a causa. Sente-se também cansado e com as pernas inchadas.

Mas a irmã a sua frente era um estátua viva de dor e aflição e o chamava em nome de Jesus! Não podia desatendê-la. E diz para sua querida esposa, que o observava atenta e também aflita, procurando adivinhar sua solução e pedindo-lhe, pelo olhar, que não fosse:

- Minha filha ficará sob os cuidados de Jesus. E, em Seu nome, vou cuidar de outra filha. Até já.

E segue com a mãe aflitiva. Sobe e desce morros. Depois de caminhada exaustiva, chega. Realiza sua tarefa, medicando a doentinha, dando-lhe passes, receitando-lhe alguns medicamentos e colocando-lhe à mesa algum dinheiro. E sai, deixando a doente melhor e a mãe consolada e agradecida, a dizer-lhe: Vá com Deus, Dr. Bezerra! Que Deus lhe pague o bem que me fez! Que possa encontrar sua filha melhor!

Chega ao lar tarde da noite. Encontra tudo aquietado. E, receoso, pensando haver a filha piorado e até desencarnado, entra às pressas. E encontra a esposa dormindo numa cama, e, noutra, sua Filha também dormindo e sem febre...

Ali mesmo, em silêncio, ajoelha a alma e agradece ao Divino Mestre por lhe haver sentido o testemunho e medicado a filha, aquela que, mais tarde, em plena primavera de seus 18 anos, seria chamada à espiritualidade para ser, de mais alto, seu anjo e seu estímulo.1

Podemos ver que Bezerra de Menezes era mais do que um simples médico chegando-se mesmo a pensar se as curas que operava se deviam aos remédios homeopáticos que ministrava ou eram resultado dos fluidos energéticos de amor que emanavam a todo instante de sua alma. Ele receitava pelos lábios e pela pena. Pelos lábios: conselhos, vestidos de emoção e ternura, acordando nos consulente o Cristão que dormia; pela pena, homeopatia, água fluídica e passes. E finalizava pedindo que cada um tivesse às mãos, no lar, o Grande Livro, o Evangelho Segundo o Espiritismo, que o lesse com alma, com sinceridade e confiança no seu Autor, Jesus Cristo! E como os resultados eram promissores, cada doente deixava seu consultório satisfeito, melhorado pois que havia deixado lá dentro o seu peso, a sua tristeza, algo que o oprimia.1

Escreveu-nos uma vez Joaquim Murtinho também médico homeopata e operador de muitas curas maravilhosas: os ensinamentos da fé constituem receituário permanente para a cura positiva as antigas enfermidades que acompanham a alma, século trás século (...) Se o homem compreendesse que a saúde do corpo é reflexo da harmonia espiritual, e se pudesse abranger a complexidade dos fenômenos íntimos que o aguardam além da morte, certo que se consagraria à vida simples, com trabalho ativo e a fraternidade legítima por normas de verdadeira felicidade2

De uma feita, um pai de família pede-lhe, chorando, um óbolo, uma ajuda em dinheiro para enterrar o corpo de sua esposa, que desencarnara, deixando-lhe os filhos menores doentes e famintos. Bezerra procura algo nos bolsos e nada encontra. Comove-se e, por intuição, desapegado das coisas materiais, tira do dedo o anel simbólico de Médico e o entrega ao irmão necessitado, dizendo-lhe, com carinho e humildade:

Venda-o e, com o dinheiro, enterre o corpo de sua mulher e compre o que precisa.1

Certa feita, acabada a sessão espírita, descera Bezerra de Menezes ainda emocionado, as escadas da Federação Espírita Brasileira, quando localizou um irmão, de seus 45 anos, cabelos em desalinho, com a roupa suja e amarrotada.

Os dois se olharam, Bezerra compreendeu logo que ali estava um caso todo particular para ele resolver. Oh! Bendito os que têm olhos no coração! E Bezerra os tinha e os tem. E levou o desconhecido para um canto e lhe ouviu, com atenção, o desabafo, o pedido:

- Dr. Bezerra, estou sem emprego, com a mulher e dois filhos doentes e famintos... E eu mesmo, como vê, estou sem alimento e febril!

Bezerra, apiedado, verificou se ainda tinha algum dinheiro. Nada encontrou nos bolsos. Apenas a passagem do bonde... Tornou-se mais apiedado e apreensivo. Levantou os olhos já molhados de pranto para o alto e, numa prece muda, pediu inspiração a Maria Santíssima, seu anjo tutelar e solucionador de seus problemas. Depois, virando-se para o Irmão:

- Meu filhos, você tem fé em Nossa Senhora, a Mãe do Divino Mestre, a nossa Mãe Querida?

- Tenho e muita Dr. Bezerra!

- Pois, então, em Seu Santíssimo Nome, receba este abraço.

E abarcou o desesperado Irmão, envolvente e demoradamente. E, despedindo-se, disse:

- Vá, meu filho, na Paz de Jesus e sob a proteção do Anjo da Humanidade. E, em seu lar, faca o mesmo com todos os seus familiares, abraçando-os, afagando-os. E confie Nela, no amor da Rainha do Céu, que seu caso há de ser resolvido.

Bezerra partira. A caminho do lar, meditava: teria comprido seu dever, será que possibilitara ajuda ao irmão em prova, faminto e doente? E arrependia-se por não lhe haver dado senão um abraço. Não possuía nenhum dinheiro. O próprio anel de grau já não estava nos seus dedos. Tudo havia dado. Não tendo dinheiro, dera algo de si mesmo, vibrações, bom ânimo, moeda da alma, ao irmão sofredor e não tinha certeza de que isso lhe bastara... E, neste estado de espírito, preocupado pela sorte de um seu semelhante, chegou ao lar.

Uma semana passara-se. Bezerra não se recordava mais do sucedido. Muitos eram os problemas alheiros. Após a sessão de outra terça-feira, descia as escadas da FEB. Alguém no mesmo lugar da escada, trazendo na fisionomia toda a emoção do agradecimento, toca-lhe o braço e lhe diz:

- Venho agradecer-lhe, Dr. Bezerra, o abraço milagroso que me deu na semana passada, neste local e nesta mesma hora. Daqui saí logo sentindo-me melhor. Em casa, cumpri seu pedido e abracei minha mulher e meus filhos. Na linguagem do coração, oramos todos à Mãe do Céu. Na água que bebemos e demos aos familiares, parece, continha alimento. Pois dormimos todos bem. No dia seguinte, estávamos sem febre e como que alimentados... E veio-me a inspiração, guiando-me a uma porta, que se abriu e alguém por ela saiu, ouviu meu problema, condoeu-se de mim e me deu um emprego, no qual estou até hoje. E venho lhe agradecer a grande dádiva que o senhor me deu, arrancada de si mesmo, maior e melhor do que dinheiro!

O ambiente era tocante! Lágrimas caíam tanto dos olhos de Bezerra como do irmão beneficiado e desconhecido. E numa prece muda, de dois corações unidos, numa mesma forca gratulatória, subiu aos Céus, louvando Aquela que é, em verdade, a porta de nossas esperanças, a Mãe Sublime de todas as mães, a advogada querida de todas as nossas causas!

Louvada seja Maria Santíssima!1

Bezerra de Menezes foi um grande devoto de Maria Santíssima, a qual atendia sempre a seus divinos pedidos. Era ela o seu fanal de consolação. Na verdade, Bezerra não foi espírita desde que nasceu. Nascera em família afortunada e católica, a 29 de agosto de 1831, em Riacho do Sangue, na Província do Ceará. Cresceu em clima de severa dignidade, respeito e religiosidade. Devido à sua prestimosa inteligência, inerente a todos os espíritos superiores, distinguiu-se nos estudos desde cedo, sendo sempre o 1o aluno de sua classe. Em 5 de fevereiro de 1851, quando contava com 19 anos de idade, transferiu-se para a Corte (atual Rio de Janeiro) para fazer seu curso médico. Nesta época seu pai, homem de bom coração havia perdido a sua fortuna e não pode ajudar seu filho financeiramente em seus estudos. Foi através de lutas, privações e renúncias aos prazeres ilusórios do mundo, que Bezerra conseguiu, em 1856, doutorar-se em Medicina.

Para custear seus estudos e a subsistência própria, Bezerra de Menezes lecionava. Numa ocasião em que se achavam totalmente esgotados os recursos, de par com a urgência de pagar o aluguel da casa e acudir a outras necessidades inadiáveis, reclinado em sua rede, sem grandes sobressaltos, mas seriamente preocupado com a solução do caso, dava tratos à imaginação, em procura dos meios com que sair da dificuldade, quando ouve bater à porta. Era um desconhecido, que vinha nominalmente procurá-lo, e que, depois, ajustando um certo número de lições de determinadas matérias, tira do bolso um maço de células e paga antecipadamente o preço convencionado, ficando igualmente combinado para o dia seguinte o início das aulas.

Bezerra reluta em receber a importância adiantada. Por fim, lembrando-se de sua situação, resolve aceitá-la. Radiante com a inesperada e providencial visita, Bezerra de Menezes solveu os seus compromissos e ficou a esperar, no prazo estipulado, o novo aluno.

Mas nem no dia seguinte nem nunca mais lhe tornou este a aparecer. Foi, pois, uma visita mais misteriosa.

Intervenções da mesma natureza, posto que não revestidas de cunho misterioso idêntico, se haviam de reproduzir no curso de sua vida, quando, em mais de uma ocasião, faltando-lhe o necessário para as despesas indispensáveis, longe de se perturbar, sentava-se à mesa de trabalho e punha-se tranqüilamente a escrever. Aparecia-lhe sempre um consulente que, atendido, lhe deixava os recursos de que necessitava e que, com serena confiança na Providência Divina, tinha certeza de que lhe não faltariam.2

Casou-se em 6 de novembro de 1858, aos 27 anos, com D. Maria Cândida de Lacerda, pertencente a ilustre família. No fim de 4 anos, sua mulher desencarna, deixando-lhe dois filhos, um de 3 anos e outro de 1 ano. Este fato produziu em Bezerra um abalo físico e moral.

Todas as glórias mundanas que havia conquistado tornaram-se aborrecidas. Não tinha mais prazer de ler e escrever, suas duas maiores distrações e nada encontrava que lhe fosse lenitivo a tamanha dor.

É porque Bezerra, quando na Faculdade, na convivência de seus colegas, na maioria ateus, esquecera-se da sua crença católica que não fora firmada em uma fé raciocinada. Apesar disso, continuava a crer em dois pontos da religião católica: a crença em Deus e a existência da alma.

Um dia, um amigo seu lhe trouxe um exemplar da Bíblia, traduzido pelo padre Pereira de Figueiredo. Bezerra tomou o livro sem o intuito de lê-lo, mas folheando-o começou a ler e esqueceu-se nesta tarefa. Leu toda a Bíblia e percebeu que algo de estranho se passava em seu interior. Quando acabou, tinha a necessidade de crer novamente, mas não nesta crença imposta à fé, mas numa outra firmada na razão e na consciência. Atirou-se então à leitura dos livros sagrados, com ardor e sede. Mas havia sempre uma falha a que seu espírito reclamava.

Começaram a aparecer as primeiras notas espíritas no Rio de Janeiro. E, apesar de ouvir sobre esta nova Doutrina, Bezerra repelia-a sem conhecê-la, pois temia que ela perturbasse a paz que lhe trouxera ao espírito a sua volta à religião.

Um dia, porém, seu colega Dr. Joaquim Carlos Travassos, tendo traduzido o Livro dos Espíritos de Allan Kardec, presenteou-o com este livro. E tal como acontecera com a Bíblia, prendeu-se neste livro, lendo-o todo. Operou-se nele um fenômeno estranho. Ele sabia que nunca havia lido qualquer obra espírita, no entanto, tudo o que lia não era novo para seu espírito. Ele sentia como se já tivesse lido e ouvido tudo aquilo. São as lembranças da alma.

Foi assim que Bezerra de Menezes tornou-se espírita.

No entanto, assim com Allan Kardec com seu espírito crítico e observador não se deu logo a acreditar em todos os fenômenos ditos espíritas e iniciou, intimamente uma pesquisa experimental para comprovar os preceitos desta nova doutrina. Foi assim que surgiram em sua vida 3 casos que o surpreenderam muito. Vou relatar aquele que mais o impressionou e que, como ele mesmo relatou, se ainda fosse incrédulo, não poderia resistir à impressão que deixou em si semelhante fato. Eu estava em tratamento com o médium receitista Gonçalves do Nascimento, e este costumava mandar-me os vidros, logo que eu acabava uma prescrição, por um primo meu, estudante de preparatórios, que morava em minha casa, na Tijuca, a uma hora de viagem da cidade.

Meu primo costumava, sempre que me trazia os remédios (homeopáticos) da casa do Nascimento, entregar-me os vidros em mão, e nunca, durante 3 meses que já durava meu tratamento, me trouxe do médium recado por escrito, senão simplesmente os vidros de remédios, tendo no rótulo a indicação do modo pelo qual devia ser tomado.

Um dia, deixei de ir à Câmara dos Deputados, de que fazia parte, e, pelas duas horas de tarde, passeava, na varanda, lendo uma obra que me tinha chegado à mãos, quando me apareceu um vizinho, o Sr. Andrade Pinheiro, filho do Presidente da Relação de Lisboa, e moço de inteligência bem cultivada.

O Sr. Pinheiro não conhecia o Espiritismo, senão de conversa, e como eu fazia experiência em mim, ele aproveitava a minha experiência, para fazer juízo sobre a verdade ou falsidade da nova Doutrina.

Depois dos primeiros cumprimentos, perguntou-me como ia eu com o tratamento espírita.

Respondi-lhe com estas palavras: Estou bom; sinto apenas uma dorzinha nos quadris e uma fraqueza nas coxas, como quem está cansado de andar muito.

Conversamos sobre o fato de minha cura em três meses, quando nada alcancei com a medicina oficial, em cinco anos, e passamos a outros assuntos, até que, uma hora pouco mais ou menos depois, entrou meu primo com os vidros de remédios e com um bilhete, escrito a lápis, que me mandava Nascimento, e que dizia:

Não, meu amigo, não estás bom como pensas. Esta dor nos quadris, que acusas. Esta fraqueza das coxas, são a prova de que a moléstia não está de todo debelada. És médico e sabes que muitas vezes elas parecem combatidas, mas fazem erupções, porventura perigosas. Tua vida é necessária; continua teu tratamento.

É fácil compreender a surpresa, a admiração, o abalo profundo que se produziu na minha alma um fato tão fora de tudo o que tinha visto em minha vida. Repetiram-se, da cidade, textualmente, as minhas palavras, como só poderia fazer quem estivesse ao alcance de ouvi-las!

Efetivamente, calculado o tempo que leva o bonde da casa do Nascimento à minha, reconhecemos, eu e Pinheiro, que aquela resposta me fora dada na cidade, precisamente à hora em que eu respondia, na Tijuca, à interpelação de meu visitante.2

A data de 16 de agosto de 1866 tornou-se memorável na História do Espiritismo no Brasil, por um acontecimento que, nos meios políticos, religiosos e médicos, ecoou de maneira estrondosa, causando mesmo surpresa e desapontamento para muitos, principalmente para os da classe médica. É que, numa das costumeiras tertúlias que então se realizavam no grande salão da Guarda Velha, em que compareceram cerca de 2 mil pessoas da melhor sociedade, Bezerra de Menezes, então presente, pedindo a palavra, proclamou solenemente a sua adesão ao Espiritismo. Essa sua filiação à nova corrente religiosa foi como uma transfusão de sangue novo para a Doutrina no Brasil, a qual daí por diante entrou em ritmo mais acelerado.1

Em 1895, em meio a divergências havidas na FEB, e como obteve a maioria absoluta dos votos, Bezerra de Menezes tornou posse da presidência da FEB. Durante toda a sua presidência (1895-1900) trabalhou ativamente e com muito ardor no propósito de congraçar os espiritistas, e jamais esmoreceu na luta a bem da unificação geral, mantendo campanha sistemática em favor do estudo da nossa Doutrina e, sobretudo, seja pela palavra falada, seja pela palavra escrita, mostrava a completa, integral interdependência do Espiritismo e do Evangelho. Dizia mesmo que a pedra fundamental do Espiritismo, em sua pura concepção, era o Evangelho. Sem ele a Terceira Revelação não subsistiria e jamais se agigantaria nas consciências humanas.

Não obstante sua mansuetude, seu espírito fraternista, por excelência, pronta e decididamente saía à liça, como um leão, quando o Espiritismo era atacado, disposto a derrubar o inimigo, com as armas de sua inteligência, de sua dialética, de seus conhecimentos e de sua indômita coragem. Bezerra era um profundo conhecedor das ciências da vida e um filósofo por excelência. Nessas lutas, pouco se lhe dava que seus contendores ocupassem altos postos na política ou na administração pública, que gozassem do maior prestígio dos poderosos. Colocava, acima de seus interesses pessoais, a defesa do Espiritismo, desde que ela se fizesse necessária.2

Foi por este motivo que Bezerra de Menezes foi também intitulado de Kardec Brasileiro, porque foi ele, quem realmente no Brasil, estava preparado para difundir o Espiritismo pela inteligência, pela persuasão, pelos atos e, sobretudo, pelos exemplos edificantes.

Bezerra de Menezes também teve vida política. Foi vereador, deputado geral e até Presidente da Câmara Municipal. Durante 20 anos que esteve envolvido com a política, Bezerra foi muito querido e odiado. Prestou relevantes serviços ao município que o elegera e conquistou os foros de inteligente, ilustrado, ativo e honesto.

Em 21 de janeiro de 1865 casa-se novamente com a Sra. D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua 1a mulher, e com quem teve 7 filhos.

Bezerra de Menezes não fora , como alguns de seus admiradores supõem, um despreocupado com o dia de amanhã, com a assistência à família, com o futuro dos seus queridos entes familiares.

Sabia, como poucos, ater-se à disciplina do necessário, a desprezar o supérfluo, a não se apegar às coisas materiais. Aceitava o pagamento dos clientes que lhe podiam pagar e dava aos pobres e estropiados o que podia dar, inclusive algo de si mesmo. Sua família jamais passou necessidade. Todos seus familiares lhe tiveram a assistência permanente e o alimento espiritual de sus bons exemplos. Preocupava-se com o futuro de seu Espírito e dos Espíritos daqueles que o Pai lhe confiou.

E tudo corria bem, as dívidas eram pagas pontualmente, nenhum compromisso deixava de ser cumprido, os filhos eram educados cristãmente. Jesus morava em seu lar e dentro de seu coração e dos corações de seus queridos entes familiares, norteando-lhes a existência e fazendo-a vitoriosa.

Numa manhã, no entanto, houve no lar uma apreensão. A dispensa estava vazia, sem víveres para o jantar. Na véspera, Bezerra havia restituído a importância das consultas aos seus clientes pobres, porque, por intuição, compreendera que apenas possuíam o necessário para a compra dos medicamentos. Junto à esposa, ciente e consciente da situação, ficara a pensar. Vestira e saíra, consolando a querida companheira e dizendo-lhe:

- Não se preocupe, nada nos faltará, confiemos em Deus!

Ao regressar, à tardinha, encontra a esposa surpresa e um pouco agastada, que lhe diz:

- Por que tamanho gasto! Não precisava preocupar-se tanto, comprando alimentos de mais e que podem estragar-se..

- Mas, que aconteceu?

- Logo assim que você saiu, explica-lhe a esposa, recebemos uma carroça de alimentos...

E, levando-o à despensa, mostrou-lhe o sacos, os embrulhos, os amarrados de víveres, que recebera. Bezerra olhou para tudo aquilo e emocionou-se! Nada comprara e quem então lhe teria enviados tão grande dádiva se não Deus, através de seus bondosos filhos!

E, abraçado à querida consorte, refugiou-se a um canto da casa para a prece de agradecimento ao Pai de Amor, que lhe vitoriava a Missão, confirmando-lhe o ideal cristão e como a lhe dizer:

- Por preocupar-se tanto como o próximo, com todos meus filhos, eu preocupo-me com você e todos os seus, também meus filhos!1

Em plena doença, com o corpo inchado, vítima de anasarca, ainda hemiplégico, atendia aos seus inúmeros doentes que o visitavam, enviando-lhe no aceno das mãos, no sorriso dos lábios ou pelo olhar manso e bom, consolações e testemunhos de confiança na Virgem Santíssima!

Foram cerca de quatro longos meses de sofrimentos atrozes, de sublimes testemunhos, em modestíssimo e desguarnecido quarto de sua residência humilde, pois o impacto produzido por esse mal violentíssimo o privara de qualquer movimento e da própria fala. Apenas seus lindos olhos verdes se moviam e falavam naquela linguagem misteriosa da expressão nascida da pureza de seu coração e da grandeza extraordinária de sua fé de apóstolo.

Bezerra fez questão de que os remédios fossem prescritos pelas entidades espirituais, e de receber passes mediúnicos, indo os médiuns à sua residência, para esse fim caridoso.

A miséria passara a residir em seu lar, e faltar-lhe-iam a própria alimentação e os remédios para amenizarem o seu grande martirológio físico, não fossem os corações bondosos e agradecidos que, em verdadeira romaria, afluíam dia e noite de seu calvário, para levar-lhe a sua solidariedade e o testemunho de seu reconhecimento, postando-se, um de cada vez, diante de seu leito, enquanto ele, com os olhos lacrimosos, agradecia, assim, através dessas lágrimas, que eram realmente a palavra de sua alma, a voz de seu sentimento.

E essas almas generosas, amigas e agradecidas, que dele tantos e tantos benefícios haviam recebido, sigilosamente iam deixando, sem que disso ele se apercebesse, desde a moedinha da espórtula da viúva, como nos fala o Evangelho, até as cédulas de vários valores, debaixo do travesseiro em que ele descansava a cabeça de apóstolo do Evangelho em espírito e em verdade.2

No dia 11 de abril de 1900, sentindo que se aproximava a hora de seu decesso, pediu que o ajudassem a levantar-se um pouco e, com a cabeça erguida, olhos voltados para o Alto, assim orou, baixinho e entra lágrimas, deixando-os suas últimas palavras como a Lição permanente da sua grandeza Espiritual, de seu Espírito totalmente libertado dos vícios e ligado à causa cristã:

Virgem Santíssima, Rainha do Céu, Advogada de nossas súplicas junto ao Divino Mestre e a Deus todo poderoso, eu te peço não que deixe de sofrer mas que meu pobre espírito aproveite bem todo o sofrimento e te peço pelos meus irmãos que ficam, por esses pobres amigos, doentes do corpo e da alma, que aqui vieram buscar no teu humilde servo uma migalha de conforto e de amor. Assiste-os, por caridade, dá-lhes, Senhora, a tua Paz, a Paz do Cordeiro de Deus que tira os pecados do Mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo! Louvado seja Teu nome! Louvado seja o Nome de Jesus! Louvado seja Deus!1

E desencarnou!

Gente de toda a cidade do Rio, especialmente dos morros, das favelas, gente humilde, descalça, maltrapilha, os pobres de espírito, os humildes de coração, beneficiados pela Medicina do seu amor, ali se achavam em mistura com outra gente rica e poderosa, pertencente ao mundo oficial do Governo.1

Na noite de 12 de abril de 1900, às sete horas, houve a habitual sessão comemorativa da Ceia do Senhor, na FEB. Todos que ali estavam ouviram, pela maravilhosa mediunidade de Frederico Pereira da Silva Júnior, a palavra querida do Espírito do nosso Bezerra de Menezes.

Sua mensagem foi longa, e nela mais de uma vez, humildemente, agradeceu a Deus, a Jesus e a Virgem Santíssima as bênçãos divinas que misericordiamente recebia na pátria espiritual, dizendo:

Baixai vossos olhos sobre os meus amigos! São também vossos filhinhos, como eu, que aflito gemi e padeci na Terra, sempre com os olhos cravados em vós. Dai que eles possam compreender, ó Virgem Imaculada(...), esse amai-vos uns aos outros, certos, convencidos de que o amor que desdobrarem das suas almas, para os seus irmãos, evola-se, libra-se aos páramos onde está o vosso amado Filho, é o amor elevadíssimo que nos vem com Jesus.(...) Obrigado a todos vocês. Bezerra estará sempre unido aos vossos corações. O Bezerra pede a Deus, e Deus há de permitir que ele continue a trabalhar, a produzir a seara bendita.2

No dia 11 de abril de 1950, ocorre no plano espiritual uma reunião para homenagear os 50 anos de desenlace do Dr. Bezerra de Menezes. Chico Xavier foi um dos convidados. Bezerra achava-se naquele ambiente de luz e emoção, sinceridade e gratidão e vivendo com grande emoção aqueles momentos em que recordava dos 69 anos vividos na Terra como o Médico dos Pobres, o Irmão dos sofredores, o Discípulo humilde e sincero de Jesus e o Kardec Brasileiro.

De repente, sob a surpresa dos que compunham a grande assembléia, de mais Alto, uma Estrela luminescente dá presença. Era Celina, a enviada da Virgem Santíssima, que chega e lê a sua mensagem, promovendo Bezerra a uma Tarefa Maior e numa Esfera mais Alta. O Evangelizador Espírita chora emocionadíssimo e ajoelha-se agradecendo entre lágrimas, à Mãe das Mães a graça recebida, suplicando-lhe, por intermédio de sua enviada sublime, para ficar no seu humilde Posto, junto à Terra, a fim de continuar atendendo aos pedidos de seus irmãos terrestres que tantas provas lhe dão de estima e gratidão.

O espírito luminoso de Celina sobe às esferas elevadas donde veio e se dirige aos pés da Mãe Celestial, submetendo à sua apreciação o pedido de seu servo agradecido.

Daí a instantes, volta e traz a resposta de Nossa Senhora:

- Que sim, que Bezerra ficasse no seu Posto o tempo que quisesse e sempre sob suas bençãos!

E da Terra e do Além partem vozes em Prece!1

Bezerra de Menezes que, na Terra, foi o extraordinário arauto do Evangelho, simbolizado na sua fé, na sua ação, no seu trabalho, no seu amor, nos seus pensamentos e na sublime caridade que praticava sempre em todas as horas de seu viver, continua ainda nas etéreas regiões, por intermédio dos mais diversos médiuns existentes em todo o Brasil, distribuindo as flores mais belas e mais viçosas, nascidas de seu coração aos que sofrem, gemem, choram e desesperam, em virtude de seus padecimentos físicos e morais.2

É o caso de Deolindo Amorim que em carta dirigida a Ramiro Gama dá seu depoimento sobre o acontecimento extraordinário que acontecera em seu lar.

Costumava freqüentar uma sessão mediúnica, dirigida pelo coronel Antônio Barbosa da Paixão (um dos primeiros espíritas, que conheci no Rio de Janeiro), muito próxima da pensão onde eu morava. Certa noite, ao deixar a sessão em casa do coronel, ainda sob os efeitos do bom ambiente que eu levara do Centro, bem calmo e confortado, cheguei em casa tarde da noite e encontrei minha filha mais velha que tinha apenas 1 ano com dores fortes, sem dormir, chorando muito, apresentando contorções um tanto esquisitas. Minha mulher, com a menina nos braços, não conseguia melhorar a situação.

Quando vi o quadro, lembrei-me logo de fazer uma prece e pedir auxílio do Espírito de Bezerra de Menezes, que já me beneficiou mais de uma vez, em circunstâncias especiais. Como eu estava sob influência de ambiente sadio da sessão mediúnica, havia uma predisposição psicológica para o ato da prece.

Então, deitei-me naturalmente, como se fosse dormir, e fiz sinal a minha mulher que ficasse onde estava, com a menina nos braços, enquanto eu fazia a prece, comecei a sentir uma espécie de frio na mão direita e, deitado mesmo, ainda com os olhos fechados, apliquei o passe. Fi-lo com toda a confiança, porque já estava sentindo as irradiações desse bondoso Espírito. Resultado: à medida que aplicava o passe, de lá, da cama onde estava, pois a menina continuava distante, no quarto, ela ia ficando calma, ia deixando de chorar e, por fim, quando terminei o passe, com a prece, a menina já estava dormindo.

Minha mulher pô-la no berço, tudo voltou ao estado de calma e, no dia seguinte, a criança amanheceu rindo, como sempre, como se nada houvesse acontecido antes. Senti, aí, mais uma vez, pois tenho várias experiências pessoais, o poderoso recurso da prece, como também senti a vibração caridosa desse espírito iluminado, que se chamou, entre nós, Adolfo Bezerra de Menezes.2

As mensagens de Bezerra transmitidas por diferentes médiuns, fazem-nos sentir que o Espiritismo é a força propulsora das verdades eternas, reerguendo-nos do lodaçal de nossos vícios e misérias. Bezerra de Menezes é para todos os que mourejam em terra do Coração do Mundo, a âncora de salvação, quando o infortúnio os atinge. Milhões de vozes pedem diariamente o seu socorro... Milhões de corações agradecem a esse grande benfeitor as dádivas do seu amor!

Bezerra de Menezes vive nos corações de todos os espiritistas do Cruzeiro do Sul!2

Referências Bibliográficas:

1. Lindos Casos de Bezerra de Menezes. Ramiro Gama.
2. Vida e Obra de Bezerra de Menezes. Sylvio Brito Soares.

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matéria encontrada no Portal do Espírito


3 de setembro de 2004

Oração AVE MARIA

Oração AVE MARIA
Ave Maria, Mãe de Jesus,
Nossa Senhora,
Bendita Sois Vós entre as mulheres,
Bendito seja o Fruto Divino,
Que possivelmente nos trouxe Jesus.
Santa Maria, Mãe de Jesus
Rogai a Deus por nós, os pecadores,
Agora, e na hora de nossa morte e sempre.
Assim seja

Francisco Cândido Xavier
Transcrição do Boletim Semanal Luz do Evangelho

10 de agosto de 2004

A Escrava do Senhor

Quando João, o discípulo amado, veio Ter com Maria, anunciando-lhe a detenção do Mestre, o coração materno, consternado, recolheu-se ao santuário da prece e rogou ao Senhor Supremo poupasse o filho querido. Não era Jesus o Embaixador Divino? Não recebera a notificação dos anjos, quanto à sua condição celeste? Seu filho amado nascera para a salvação dos oprimidos... Ilustraria o nome de Israel, seria o rei diferente, cheio de amoroso poder. Curava leprosos, levantava paralíticos sem esperança. A ressurreição de Lázaro, já sepultado, não bastaria para elevá-lo ao cume da glorificação?E Maria confiou ao Deus de Misericórdia suas preocupações e súplicas, esperando-lhe a providência; entretanto, João voltou em horas breves, para dizer-lhe que o Messias fora encarcerado.A Mãe Santíssima regressou à oração em silêncio. Em pranto, implorou o favor do Pai Celestial. Confiaria nEle.Desejava enfrentar a situação, desassombradamente, procurando as autoridades de Jerusalém. Mas, humilde e pobre, que conseguiria dos poderosos da Terra? E, acaso, não contava com a proteção do Céu? Certamente, o Deus de Bondade Infinita, que seu filho revelara ao mundo, salvá-lo-ia da prisão, restituí-lo-ia à liberdade.Maria manteve-se vigilante. Afastando-se da casa modesta a que se recolhera, ganhou a rua e intentou penetrar o cárcere; todavia, não conseguiu comover o coração dos guardas.Noite alta, velava, súplice, entre a angústia e a confiança.Mais tarde, João voltou, comunicando-lhe as novas dificuldades surgidas. O Mestre fora acusado pelos sacerdotes. Estava sozinho. E Pilatos, o administrador romano, hesitando entre os dispositivos da lei e as exigências do povo, enviara o Mestre à consideração de Herodes.Maria não pôde conter-se. Segui-lo-ia de perto. Resoluta, abrigou-se num manto discreto e tornou à via Pública, multiplicando as rogativas ao Céu, em sua maternal aflição. Naturalmente, Deus modificaria os acontecimentos, tocando a alma de Ântipas. Não duvidaria um instante. Que fizera seu filho para receber afrontas? Não reverenciava a lei? Não espalhava sublimes consolações? Amparada pela convertida de Magdala, alcançou as vizinhanças do palácio do tretarca. Oh! Infinita amargura! Jesus fora vestido com uma túnica de ironia e ostentava, nas mãos, uma cana suja à maneira de cetro e, como se isso não bastasse, fora também coroado de libertar-lhe a fronte sangrenta e arrebatá-lo da situação dolorosa, mas o filho, sereno e resignado, endereçou-lhe o olhar mais significativo de toda a existência. Compreendeu que ele a induzia à oração e, em silêncio, lhe pedia confiança no Pai. Conteve-se, mas o seguiu em pranto, rogando a intervenção divina. Impossível que o Pai não se manifestasse. Não era seu filho o escolhido para a salvação? Lembrou-lhe a infância, amparada pelos anjos... Guardava a impressão de que a Estrela Brilhante, que lhe anunciara o nascimento, ainda resplandecia no alto!...A multidão estacou, de súbito. Interrompera-se a marcha para que o governador romano se pronunciasse em definitivo.Maria confiava. Quem sabe chegara o instante da ordem de Deus? O Supremor Senhor poderia inspirar diretamente o juiz da causa.Após ansiedades longas, Pôncio Pilatos, num esforço extremo para salvar o acusado, convidou a turba farisaica a escolher este Jesus, o Divino Benfeitor, e Barrabás, o bandido. O povo ia falar e o povo devia muitas benções ao seu filho querido. Como equiparar o Mensageiro do Pai ao malfeitor cruel que todos conheciam? A multidão, porém, manifestou-se, pedindo a liberdade para Barrabás e a crucificação para Jesus. Oh! - pensou a mãe atormentada - onde está o Eterno que não me ouve as orações? Onde permanecem os anjos que me falavam em luminosas promessas?Em copioso pranto, viu seu filho vergado ao peso da cruz. Ele caminhava com dificuldade, corpo trêmulo pelas vergastadas recebidas e, obedecendo ao instinto natural, Maria avançou para oferecer-lhe auxílio. Contiveram-na, todavia, os soldados que rodeavam o Condenado Divino.Angustiada, recordou-se repentinamente de Abraão. O generoso patriarca, noutro tempo, movido pela voz de Deus, conduzira o filho amado ao sacrifício. Seguira Isaac inocente, dilacerado de dor atendendo a recomendação de Jeová, mas, eis que no instante derradeiro, o Senhor determinou o contrário, e o pai de Israel regressara ao santuário doméstico em soberano triunfo. Certamente, o Deus Compassivo escutava-lhe as súplicas e reservava-lhe júbilo igual. Jesus desceria do Calvário, vitorioso, para o seu amor, continuando no apostolado da redenção; no entanto, dolorosamente surpreendida, viu-o içado no madeiro, entre ladrões.Oh! A terrível angústia daquela hora!! ... Por que não a ouvira o Poderoso Pai?? Que fizera para não lhe merecer a benção?Desalentada, ferida, ouvia a voz do filho, recomendando-a aos cuidados de João, o companheiro fiel. Registrou-lhe, humilhada, as palavras derradeiras. Mas, quando a sublime cabeça pendeu inerte, Maria recordou a visita do anjo, antes do Natal Divino. Em retrospecto maravilhoso, escutou-lhe a saudação celestial. Misteriosa força assenhoreava-se-lhe do espírito.Sim... Jesus era seu filho, todavia, antes de tudo, era o Mensageiro de Deus. Ela possuía desejos humanos, mas o Supremo Senhor guardava eternos e insondáveis desígnios. O carinho materno poderia sofrer, contudo, a Vontade Celeste regozijava-se. Poderia haver lágrimas em seus olhos, mas brilhariam festas de vitória no Reino de Deus. Suplicara aparentemente em vão, porquanto, certo, o Todo-Poderoso atendera-lhe os rogos, não segundo os seus anseios de mãe e sim de acordo com seu planos divinos.Foi então que, Maria, compreendendo a perfeição, a misericórdia e justiça da Vontade do Pai, ajoelhou-se aos pés da cruz e, contemplando o filho morto, repetiu as inesquecíveis afirmações: - "Senhor, eis aqui a tua serva! Cumpra-se em mim, segundo a tua palavra!".

fonte: Livro: Lázaro Redivivo - psicografia de Francisco Cândido Xavier - pelo espírito do Irmão X.

4 de agosto de 2004

Isso também Passará !

ISSO TAMBÉM PASSARÁ
Chico Xavier conta que, num de seus dias de profunda amargura, solicitou ao Benfeitor espiritual que levasse o seu pedido de socorro à Maria de Nazaré, para que ela o consolasse, já que seus problemas eram graves.
Após alguns dias o Benfeitor retornou dizendo-se portador de um recado da Mãe de Jesus.
Chico imediatamente pegou papel e lápis e preparou-se para anotar.
- Pode falar, tomarei nota de cada palavra.
Emmanuel, benfeitor atencioso, falou-lhe:
- Anote aí Chico, Maria me pediu para que trouxesse o seguinte recado:
"Isso também passará". Ponto final.
Chico tomou nota rapidamente e perguntou ao Benfeitor: só isso? E ele respondeu enfatizando: é Chico, a Mãe Santíssima pediu-me para dizer-lhe que isso também passará.
Como Chico Xavier, muitos de nós, quando visitados pela dor, gostaríamos de receber uma mensagem individual de consolo.
Pensando que fomos esquecidos pela divindade, rogamos que nos seja concedida uma deferência especial por parte dos benfeitores espirituais.
Todavia, Deus tudo sabe e tudo vê. Nada acontece sem Seu consentimento, basta que depositemos confiança em Suas soberanas leis.
Todas as coisas, na Terra, passam...
Os dias de dificuldades, passarão...
Passarão também os dias de amargura e solidão...
As dores e as lágrimas passarão.
As frustrações que nos fazem chorar... um dia passarão.
A saudade do ser querido que se vai na mão da morte, passará.
Os dias de glórias e triunfos mundanos, em que nos julgamos maiores e melhores que os outros... igualmente passarão.
Essa vaidade interna que nos faz sentir como o centro do universo, um dia passará.
Dias de tristeza... Dias de felicidade... São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.
Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um instante.
Elevemos o pensamento ao Alto e busquemos a voz suave da Mãe amorosa a nos dizer carinhosamente: isso também passará...
E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades já superadas, que não há mal que dure para sempre.
***
O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação, às vezes parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.
São guerras, interesses mesquinhos, desvalores...
Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade, e que um dia também passará...
Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro porque essa é a sua destinação.
Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento, e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo, também passarão...

3 de agosto de 2004

DIVINA MEDIUNIDADE

DIVINA MEDIUNIDADE
Em nos reportando a qualquer estudo da mediunidade, não podemos olvidar que, em Jesus, ela assume todas as características de exaltação divina. (Aqui, André Luiz indica o trecho acima, transcrito de a Gênese).Desde a chegada do Excelso Benfeitor ao Planeta, observa-se-lhe o pensamento sublime penetrando o pensamento da Humanidade.Dir-se-ia que no estábulo se reúnem pedras e arbustos, animais e criaturas humanas, representando os diversos reinos da evolução terrestre, para receber-lhe o primeiro toque mental de aprimoramento e beleza.Casam-se os hinos singelos dos pastores aos cânticos de amor na vozes dos mensageiros espirituais, saudando aquele que vinha libertar as nações, não na forma social que sempre lhes será vestimenta às necessidades de ordem coletiva, mas no ádito das almas, em função da vida eterna.Antes dele, grandes comandantes da idéia haviam pisado o chão do mundo, influenciando multidões.Guerreiros e políticos, filósofos e profetas alinham-se na memória popular, recordados como disciplinadores e heróis, mas todos desfilaram com exércitos e fórmulas, enunciados e avisos, em que se misturam retidão e parcialidade, sombra e luz.Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana, mas, com a sua magnitude moral, imprime novos rumos à vida, por dirigir-se, acima de tudo, ao Espírito, em todos os climas da Terra.Transmitindo as ondas mentais das Esferas Superiores de onde procede, transita entre as criaturas, despertando-lhes as energias para a Vida Maior, como que a tanger-lhes as fibras recônditas, de maneira a harmonizá-las com a sinfonia universal do Bem Eterno. MÉDIUNS PREPARADORES - Para recepcionar o influxo mental de Jesus, o Evangelho nos dá notícias de uma pequena congregação de médiuns, à feição de transformadores elétricos conjugados, para acolher-lhe a força e armazená-la, de princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os recursos. E longe de anotarmos aí a presença de qualquer instrumento psíquico menos seguro do ponto de vista moral, encontramos importante núcleo de medianeiros, desassombrados na confiança e corretos na diretriz.Informamo-nos, assim, nos apontamentos da Boa Nova, de que Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, precursor do Médium Divino, "eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão, em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" (Lucas 1:5), que Maria, a jovem simples de Nazaré, que acolheria o Embaixador Celeste nos braços maternais, se achava "em posição de louvor diante do Eterno Pai" (Lucas 1:30), que José da Galiléia, o varão que o tomaria sob paternal tutela, "era justo" (Mateus 1:19), que Simeão, o amigo abnegado que o aguardou em prece, durante longo tempo, "era justo e obediente a Deus"(Lucas 2:25), e que Ana, a viúva que o esperou em oração, no Templo de Jerusalém, por vários lustros, vivia "servindo a Deus" (Lucas 2:37).Nesse grupo de médiuns admiráveis, não apenas pelas percepções avançadas que os situavam em contato com os Emissários Celestes, mas também pela conduta irrepreensível de que forneciam testemunho, surpreendemos o circuito de forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí expandir-se na renovação do mundo. (ANDRÉ LUIZ, MECANISMOS DA MEDIUNIDADE, Cap. XXVI)

25 de julho de 2004

Luzes de Maria

Quando turbilhões de ondas à ti ameaçarem engolir...
Caracóis arrancados, despedaçados ao alto, pelos
teus olhos atônitos passarem, e não souberes onde te
segurar pede à Maria mais fôlego te dar.
No vão da onda entrarás, do outro lado sairás à
descortinar o calmo e azul oceano com pássaros rente
à superficie à voar.
Redemoinhos são constantemente ativados,
por pedras que se ocultam no fundo do mar.
Não estás só, busca força em eu teu interior.
Lá encontrarás a luz e verás as mãos de Maria a te amparar...

Autor Espiritual: Livio / Psicografia de Majú
fonte:
http://groups.msn.com/

Zelando pela Humanidade terrestre

Maria de Nazaré

Importantes dados biográficos de Maria tem nos chegado por vias mediúnicas, revelando que ela continua zelando pela Humanidade terrestre, encarnada e desencarnada. Emmanuel conta-nos que, precedendo a vinda de Jesus, entidades angelicais se movimentaram, tomando vastas e importantes providências no Plano Espiritual. "Escolhem-se instrutores, os precursores imediatos, os auxiliares divinos. Uma atividade única registra-se, então, nas esferas mais próximas do planeta, (...)".
O Espírito de Humberto de Campos narra, num de seus livros, a importante visita que Isabel e seu filho João Batista fizeram ao lar de Jesus, em Nazaré, proporcionando o encontro de duas crianças que revolucionariam o Mundo... O diálogo entre as duas primas é muito significativo, revelando-se preparadas para a sublime tarefa. "_ O que me espanta - dizia Isabel com carinhoso sorriso - é o temperamento de João, dado às mais fundas meditações, apesar da sua pouca idade. (...) _ Essas crianças, a meu ver - respondeu-lhe Maria, intensificando o brilho suave de seus olhos, trazem para a Humanidade a luz divina de um caminho novo. Meu filho também é assim, envolvendo-me o coração numa atmosfera de incessantes cuidados. Por vezes, vou encontrá-lo a sós, junto das águas, e, de outras, em conversação profunda com os viajantes que demandam a Samaria ou as aldeias mais distantes, nas adjacências do lago. Quase sempre, surpreendo-lhe a palavra caridosa que dirige às lavadeiras, aos transeuntes, aos mendigos sofredores... Fala de sua comunhão com Deus com uma eloqüência que nunca encontrei nas observações dos nossos doutores e, constantemente, ando a cismar, em relação ao seu destino".

"Lucas recebe informações de Maria para fundamentar o seu evangelho, segundo Emmanuel, o apóstolo Paulo visitou a Mãe de Jesus, impressionou-se fortemente com a humildade daquela criatura simples e amorosa, que mais se assemelhava a um anjo vestido de mulher. Paulo interessou-se pelas narrativas da noite em que Jesus nasceu, prometeu voltar e recolher mais informações, dados indispensáveis para escrever o evangelho para os cristãos do futuro. Maria colocou-se à sua disposição, com grande alegria".

Humberto de Campos ainda relata a desencarnação de Maria, assistida por Jesus. Ao libertar-se do vaso físico, Ela desejou, primeiramente, rever a Galiléia e logo em seguida visitou cárceres sombrios de Roma, repletos de discípulos do Mestre que aguardavam a morte certa, quando lhes infundiu a força da Galiléia cristã, transmitindo a seguinte sugestão a uma jovem encarcerada: "Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!... Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!..."

(...) Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima".

O espírito Emmanuel ditou ao Chico Xavier um retrato falado de Maria de Nazaré ao fotógrafo Vicente Avela, de São Paulo. Chico frisou que a fisionomia de Maria, assim retratada, revela tal qual Ela é conhecida quando de Suas visitas à esferas espirituais mais próximas e perturbadas da crosta terrestre; como, por exemplo, disse-nos ele, na Legião dos Servos de Maria, grande instituição de amparo aos suicidas descrita detalhadamente no livro Memórias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvonne A. Pereira.

Maria Dolores descreve em poesia a assistência maternal e efetiva prestada pelo Espírito de Maria a Judas, que se encontrava em região umbralina, cego e solitário, muito tempo depois da crucificação do Mestre. No final do diálogo com o discípulo suicida, em grande sofrimento, preso a terrível remorso, a Benfeitora convence-o argumentando com profundo amor:

RETRATO DE MÃE

"Amo-te, filho meu, amo-te e quero
Ver-te, de novo, a vida
Maravilhosamente revestida
De paz e luz, de fé e elevação...
Virás comigo à Terra,
perderás, pouco a pouco, o ânimo violento,
Terás o coração
Nas águas de bendito esquecimento.
Numa nova existência de esperança,
Levar-te-ei comigo
A remansoso abrigo,
Dar-te-ei outra mãe! Pensa e descansa!...

E Judas, nesse instante,
Como quem olvidasse a própria dor gigante
Ou como quem se desagarra
De pesadelo atroz,
Perguntou: - quem sois vós
Que me falais assim, sabendo-me traidor?
Sois divina mulher, irradiando amor
Ou anjo celestial de quem pressinto a luz?!...
No entanto, ela a fitá-lo, frente a frente,
Respondeu simplesmente:
_ Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus".

(Anuário Espírita 1996. IDE)